Quando nós falamos em transferência de renda, em programas de transferência de renda, quase todos lembram da Bolsa Família, que é um dos maiores programas de transferências de renda do mundo, que seria uma forma de combater massivamente a miséria. Lembro-me que eu tenho escrito um texto falando do programa, e os benefícios que isso traz não somente para a família beneficiada pelo programa, mas para toda a sociedade, inclusive para quem não é beneficiário do programa. Mas vamos parar e perguntar sobre uma pergunta e questionamentos levantados por muitos opositores ao programa: o Bolsa Família, assim como outros projetos sociais de transferência de renda, é realmente benéfico?
Não, eu não mudei de opinião a respeito disso. Eu apenas pensava e continuo pensando que esses recursos deveriam ser de cunho temporário, e não permanente. No outro texto, em que mostrei o lado bom do programa, eu acabei quase que ignorando o lado oposto da moeda deste programa. Eu me lembro de um certo domingo, ao anoitecer, em que estava andando nas ruas do Rio de Janeiro, várias dezenas de pessoas se amontoando em filas de várias agências da Caixa Econômica Federal, caindo no famoso boato em que o Programa Bolsa Família iria acabar. Eu fiquei imaginando a situação destas pessoas que estevam dispostas a passar o frio da madrugada, correndo diversos riscos de violência urbana noturna, somente para pegar um pouco do valor do benefício, que não é elevado. Daí eu pergunto: quantas destas pessoas teriam essa mesma disposição para conseguir um bom emprego ou até mesmo investir no futuro profissional?
Eu não estou criticando o Programa Bolsa Família em si, em que até mostrei vários pontos positivos outrora, defendendo o programa, mas o que critico, é a intenção real deste programa. Se o mesmo, geralmente é um programa que dá o peixe, sem ensinar a pescar, ele acaba virando um mero populismo eleitoreiro. Isso me lembra o outro polêmico “programa social” que existira no estado do Rio de Janeiro, conhecido por aqui como Cheque Cidadão, e ainda hoje é usado no município de Campos, no norte do estado. Ele foi alvo de muitas denúncias, por privilegiar certos grupos, como membros de igrejas apoiadas pelo então governador Garotinho. Muitos preferem mesmo viver de esmolas, dado pelo estado, e acabam votando pelos beneficiados dos programas, com medo de não perderem o benefício, caso o governador ou o presidente da oposição seja eleito. O que muitos podem afirmar que é nada mais que uma forma evoluída do bom e velho Voto de Cabresto da República Velha, no começo do século XX.
Como eu tenho dito, o programa de transferência de renda, como Bolsa Família, por exemplo, não deve se resumir em dar o peixe, ele tem que ensinar a pescar. Ele tem que acima de tudo, ampliar o mercado consumidor e contudo, gerar mais empregos. É preciso garantir que os beneficiários dos tais programas de transferência de renda promova o incentivo a qualificação profissional e da saúde pública, como por exemplo, vacinação em dia, pois um programa que gera mais trabalhadores qualificados, para assim, gerar um grande retorno para toda a sociedade brasileira. Somente tirar da miséria, não é o suficiente, é preciso também aquecer a economia, beneficiando a todos. Só assim é que veremos que um programa social é benéfico, do contrário, o contribuinte trabalhador, que se esforçou e se dedicou por anos, para chegar onde chegou, vai viver sustentando parasitas, que se contentam em apenas receber “esmolas” do governo.
Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.