Sobre Cotas em Universidades

Recentemente eu tenho comentado sobre a lei que reserva vagões de trens e metrô para as mulheres em determinado horário, e que isso tem se contribuído para a segregação social. Agora, vamos ao outro mecanismo segregacionista em nossa sociedade. A questão de cotas para negros em universidades. Já houve muita discussão, protestos e manifestações a respeito do assunto e por fim, em algumas universidades públicas, as cotas estão já em vigor. Assim como aconteceu com a lei do carro das mulheres, os contemplados com a lei comemoraram os direitos assim que entrou em vigor, mas ele também tem seu calcanhar de aquiles.


Seria louvável haver cotas em universidades se a qualidade de ensino público (em geral como todo) for a mesma que boas escolas particulares e mesmo assim, o acesso do negro a universidade continuar restrito mas não é o que realmente acontece. Muitas entidades ligadas a defesa e apoio dos negros se esqueceram de se lembrar da qualidade do ensino básico nas escolas e colégios públicos. Embora a maioria dos brancos são de classe média alta e superior, e a maioria dos negros são de classe média baixa ou inferior, a qualidade de ensino sempre deve ser levada em conta. É o mesmo que colocar um atleta sem nenhum preparo suficiente para treinar junto com quem ganhou medalha de ouro olímpico e ainda treinarem no mesmo ritmo. Ou seja, o atleta sem nenhum preparo terá que se adequar ao ritmo do medalhista já imediatamente, do contrário, ele será banido do treinamento ou ele mesmo vai acabar desistindo por não se sentir incluído ou viu que é incapaz de seguir este ritmo. Porque o medalhista olímpico não pode diminuir seu ritmo por causa de um atleta sem preparo.


Era isto que precisa ser visto, porque pensar em cotas sem pensar em qualidade de ensino básico é dar um tiro no próprio pé e os cotistas terão de se fazer um belo de um esforço extra para coneguir ter sucesso nas universidades, pois muda-se todo o paradigma do ensino e aprendizado, quando se entra numa universidade, ou seja, a vida do cotista não será nada fácil.


Por outro lado, pensar em cotas para negros no acesso ao mercado de trabalho seria bem mais lógico, já que durante a entrevista, conta-se muito a aparência em primeiro lugar, em seguida os antecendentes, depois as suas qualidades e por último as suas habilidades e seu conhecimento, sobretudo com as experiências anteriores. Neste tipo de competição, mesmo que o negro tenha estudado em uma escola ou universidade bem conceituada, ele sempre terá mais dificuldades de se ter o acesso ao mercado de trabalho. Logo, as cotas nas empresas seriam muito mais interessantes do que cotas em universidades, pois todos nós almejamos uma formação melhor para termos um trabalho que nos dê um poder aquisitivo muito melhor.

Artigos Relacionados:

Seguir Fábio Valentim:

Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

Últimos Posts de