Por muito tempo, ter uma vida religiosa, se tornou um sinônimo de ter uma vida correta, respeitosa. As pessoas passaram sempre a ter um respeito, admiração e carinho a mais por você, simplesmente por pertencer a uma religião, e por estar em contato sempre com Deus. Portanto, tem-se uma ideia de que é preciso pertencer a uma religião para estar ligado com Deus. Nos tempos mais remotos, a religião era uma forma de identificar um povo, tanto que em um determinado povo ou país era obrigado a adorar um determinado deus. Isso, com o passar dos tempos, após as diversas reformas religiosas, estamos vivendo constantemente a coexistência religiosa em todos os povos, embora alguns ainda optem por intolerância religiosa.
A religião, por longos dos séculos é uma parte integral da identidade de um determinado indivíduo, onde a mesma passa geralmente uma boa imagem. Mas atualmente, principalmente nos dias de hoje, as atitudes valem mais do que imagens e palavras bonitas. O que vemos em muitas religiões, que além da intolerância, também existe uma extensa e vasta hipocrisia no meio religioso, pois muitas pessoas não estão dispostas a seguir à risca as suas doutrinas. Logo, muitos preferem viver na mentira, na hipocrisia, passando a imagem de cordeiro, quando dentro de nós, somos verdadeiros lobos. Sim, falei das doutrinas, as mesmas doutrinas que convidam o fiel a sair da realidade em que convive, como forma de “agradar a Deus”, o que seria sacrificante, pois a mesma deixa de ser a mesma, tanto que essa radicalidade é expressa claramente na Bíblia: “não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2, 20).
Mas viver se oprimindo chega a ser sacrificante, embora as religiões admiram a atitude, pois é parte da busca pela santidade. Confesso que tinha essa admiração muito grande, em meus tempos de Renovação Carismática, mas hoje em dia, prefiro que as pessoas abandone até mesmo a religião para seguir seus próprios propósitos e sentido da vida, para que o que a mesma prega e fala, seja coesa com aquilo que vive. Estar sem frequentar uma igreja, mas tendo seus propósitos, não significa que está perdida pelo mundo, mesmo que estes propósitos estejam totalmente diferentes dos propósitos das igrejas. Na minha opinião, o propósito tem de vir de dentro da pessoa e não de fatores externos, mesmo que seja a igreja, o que talvez seja a melhor forma de encontrarmos o verdadeiro propósito de Deus, pois estamos sendo sinceros conosco mesmo. Também, com tantas igrejas e religiões (que chegam a ultrapassar 3000), e tantos propósitos, como escolher entre tantos propósitos e deuses para nossa vida?
Então, precisamos mesmo da religião para chegarmos a Deus? Precisamos nos abster e nos sacrificar a nossa essência pessoal em nome de uma doutrina, na maioria das vezes defasada e atrasada, que não condiz com a realidade? Vale a pena trocar de realidade e viver a mesma da igreja que pretende fazer parte em nome da fé? Mas e a felicidade? E a sinceridade? Onde entra no meio disso tudo. Em uma mesma religião, surgem centenas de interpretações, até mesmo do versículo que citei anteriormente neste texto. Deus não está nos padres, nos pastores, sacerdotes e afins, ele está na vida daquela pessoa que crê profundamente. Deus está na consciência das pessoas, no ato de caridade, no dar sem receber e no amor, especificamente.
Os intermediários são extremamente perigosos, pois podem nos levar a caminhos tortuosos e temos uma ilusão de uma vida ideal, quando essa vida ideal, proposta por estes mesmos, muita das vezes não são exemplificadas e obscuras, ou seja, no famoso “faça o que digo, mas não faça o que faço”, é onde mora a hipocrisia, predominante em muitas religiões. A verdadeira religião está no coração das pessoas, não em tijolos, pedras, símbolos e doutrinas exteriores por pessoas que não conhecem a tua realidade, o teu modo de viver. Muitos foram assassinados a sangue frio, por recusarem a vida religiosa, proposta por estes tais intermediários. Não precisamos de religião pra chegarmos a Deus, quando cremos que Deus está em nossas vidas e podemos estar sempre com Ele. Precisamos sim, é ser firmes em nossos propósitos, mesmo que isso ofenda os ninhos de hipocrisia, chamada igreja.