Lembro-me no ensino médio, durante uma aula de português, eu perguntei pra professora se podia falar “a gente vamos“. Foi o dia em que passei uma vergonha que levei até uns esporros na sala. Depois dessa aula foi uma zoeira total depois desta aula. Mas lembro que aprendi muita coisa sobre as riquezas da Língua Portuguesa, que me ajudou e muito na minha carreira de escritor. Então, 10 anos passados, vejo um livro aprovado pelo MEC que faz uma pergunta bastante parecida: “Eu posso falar os livro?” Ao invés de um puxão de orelha como recebi na sala de aula há 10 anos atrás, uma resposta inusitada: “claro que pode, mas tome cuidado que dependendo da situação, você corre risco de ser vítima de preconceito linguístico“. Isso, portanto gerou uma onda críticas e uma grande polêmica causada na blogosfera e em redes e repercutiu por vários dias na mídia.
Um texto, como este aqui que você está lendo, pode dar margem a várias interpretações, principalmente quando se trata de uma obra literária ou poética, pois um poema pode falar de um vaso chinês e a pessoa interpretar que um vaso chinês seja uma pessoa que se acha importante. Mas não se trata de uma obra literária e sim de um livro didático, que não pode dar nenhuma margem a interpretações equivocadas. O trecho deste livro que gerou uma onda de protestos dos ativistas do sofá, principalmente com as duas palavras, o preconceito linguístico. Chega a ser errôneo usar este termo, mas uma pessoa, dentro de um certo círculo social pode ser excluída se por uma distração cometer erros de ortografia e gramática. Eu, particularmente não li o livro, apenas os trechos que foram divulgados pela internet e não posso dar uma opinião completa a respeito dele, mas observo que a língua, enquanto houver falantes, ela deve ser viva e não cristalizada, pois corre risco de ficar extinta.
Observo que a gente fala erroneamente o tempo todo e não percebemos. Hoje, pelo menos no Brasil, praticamente não usamos mesóclise (ex: “amar-te-ei para sempre”), e mesmo assim, é ensinado até hoje nas escolas. Por outro lado cometemos erros grotescos na língua que é bem diferente usado nas escolas o tempo todo, em vários blogs, inclusive este blog. A gente tem um hábito de falar “me dá um troco”, quando o correto é “dê-me o troco” e usamos frequentemente o pronome possessivo “seu” na segunda pessoa, quando este pronome é usado somente na terceira pessoa. O pronome correto é “teu”. Mesmo assim, não somos vítimas de nenhum preconceito linguístico e mesmo assim, essas pessoa que passaram dias fazendo críticas pesadas ao livro Por Uma Vida Melhor, cometem o tempo todo estes erros que foram citados neste parágrafo e muitos outros que não cabem neste post. Não somente falam como também escrevem em textos oficiais como notícias de jornal, ofícios, petições, o que é comum encontrar estas infrações.
Então o que as escolas devem ensinar aos seus alunos? Na verdade devem mostrar o que é adequado e o que é inadequado. Não estou falando de preconceito linguístico, pois como disse, essa palavra foi usada na hora errada e no lugar errado. Por isso, a polêmica. Existe a linguagem formal, que deve seguir à risca, todas as regras e normas gramaticais e a linguagem coloquial, que é comumente usado no dia-a-dia, que muitas vezes fogem das regras gramaticais ensinadas na escola. Sou a favor das variedades do idioma, favorecendo a riqueza da nossa cultura.