Em todos os países, existem grupos que se manifestam contrários a determinados povos, raças e credos, que exaltam sentimentos nacionalistas, que excluem e atacam sem nenhum dó ou piedade, essas minorias que chegam a este determinado lugar, para mudar de vida, para aproveitar as oportunidades que a vida dá, ou até mesmo pra sair de uma situação desconfortável, que viviam no seu território de origem. Este último caso é o mais comum caso de migração. Os migrantes costumam sofrer muitos preconceitos, por conta de choques culturais e preconceitos naturais, vindos destes povos. É o caso de vermos europeus e estadunidenses, que têm aversão aos imigrantes dos países do chamado terceiro mundo.
Mas por que Festa do Chá? O que isso tem a ver com a história? Bom, eu tirei esse termo, a partir do chamado movimento Tea Party, o mais famoso movimento xenófobo, conservador e ultradireita de todo mundo. Este nome, ironicamente veio da Festa do Chá de Boston, que foi o protesto dos colonos estadunidenses, contra a coroa britânica, em 1773, como resposta a Lei do Chá, que institucionalizava o monopólio do chá, nos Estados Unidos, através das Companhia das Índias Orientais. Essa festa, como é chamada, foi um fator-chave para desencadear a revolução, com qual terminou na declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776. Voltando ao Movimento Tea Party, este mesmo movimento surgiu como resposta a diversas leis federais norte-americanas, para a recuperação da economia daquele país, após a grande crise de 2008.
E claro que a culpa decai sempre para o lado mais fraco: o imigrante. Só no ano passado, foram deportados cerca de 400 mil imigrantes ilegais do país. Estes imigrantes, que já vivem à margem da sociedade, não pagam impostos e recebem pequenos trocados, em trabalhos que chega a quase a ser comparado com trabalho escravo, o que de certa forma, causa certo prejuízo aos cofres públicos do governo dos Estados Unidos. Claro que alguns podem afirmar que há outros fatores, que podem melhorar a economia do então país mais rico do mundo, sendo ameaçado constantemente, pela economia chinesa. Porém, segundo o movimento do Tea Party, a imigração, seja ela legalizada ou não, causa muitos prejuízos.
Essa realidade, como eu disse, não se restringe somente aos Estados Unidos. Em muitos países europeus, especialmente os que passam pela crise desde 2008, com a citada grande crise econômica, também se repete. As festas do chá europeias atacam e perseguem os imigrantes, de uma maneira implacável, como o resgate da economia sóbria e até mesmo como forma de purificação cultural. Foram pensamentos assim que fizeram Adolf Hitler cria a sua ideologia, que provocou o grande genocídio na Segunda Guerra Mundial. Eu diria que o nazismo, por este ponto de vista, foi o grande exemplo de nacionalismo de festa do chá.
E é claro que existem esses tipos de manifestação no Brasil. Nas últimas eleições, a de 2010, vemos vários tipos de manifestações preconceituosas, especialmente contra os nordestinos. A Festa do Chá Brasileira, que é o ponto que eu queria chegar neste texto, se manifesta de diversas formas, nos grupos urbanos, em eventos sociais e até mesmo na internet. Muitos afirmam que os problemas sociais que ocorrem no país, ou seja, em São Paulo, mais especificamente, são causados pelos nordestinos, que saem de seus territórios de origem, para ganhar a vida nas grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, e nem todos acabam tendo a sorte de serem bem sucedidos com a empreitada, tanto que nem todos acabam conseguindo regressar para o seu território de origem.
Aqui, neste caso, o culpado pela favelização e pelas crises sociais nas cidades do Sul e Sudeste do Brasil, não são os nordestinos, mas o governo em si, que concentram todos os seus investimentos apenas nestes lugares, que são os principais destinos dos retirantes nordestinos, ficando quase nada para o seu território de origem. O que ocorre aqui, é a falta de integração nacional, mas isso não se deve dizer que seja descuido, pois essa falta de interesse é politicamente corrupta, para favorecer os poderosos, especialmente os que encabeçam a Festa do Chá à brasileira.
Isso sem falar da falta de seriedade da política habitacional destas mesmas cidades, favorecendo a mesma especulação imobiliária, que também é a grande causa para a favelização e outros problemas sociais. Se uma cidade, como Rio de Janeiro e São Paulo recebe muitos investimentos, em detrimento das outras regiões, é natural que ela deva estar pronta para receber uma grande massa de migrantes, que vem para estas regiões, em busca da melhor condição de vida, não ficar jogando culpa no nordestino e agredir de forma física ou verbal, o mesmo nordestino, que trabalha e luta, trazendo grande desenvolvimento para o nosso país.
Não é tratando com preconceito e discriminação, que devemos resolver problemas sociais nas grandes cidades brasileiras. O migrante merece respeito, pois ele não veio pra explorar e tirar as riquezas, como as festas do chá pregam. É preciso haver seriedade em investimento que beneficie o país como todo, não somente uma região A, B ou C. Tem que beneficiar a todos. Claro que na questão de imigração internacional ilegal, é uma questão ainda bem mais complexa, em relação a migração entre o país, para o outro, mas preconceito, não resolve problema. É preciso criar soluções cabíveis para todos os lados. Os mesmos preconceituosos, com uma visão muito pequena, deturparam o sentido da festa do chá, que foi na verdade, uma resposta do oprimido (os colonos) contra o opressor (a coroa britânica), e não ao contrário, como anda acontecendo nos dias de hoje.