Quando Renato Russo compôs a música Geração Coca-Cola, junto com Dado Villa-Lobos, ele mal imaginava a geração que havia de vir, a geração que estava praticamente debaixo de seu nariz. Os jovens que ouviam freneticamente aquela música nos começos dos anos 1980, hoje são pais, tios da geração que naquela mesma época, passava as manhãs ouvindo freneticamente os programas de televisão como Balão Mágico, Xou da Xuxa e desenhos como He-Man e She-Ha, Caverna do Dragão, entre outros. Este último, que curtia Xou da Xuxa e dançava as música da rainha dos baixinhos, sem ao menos compreender a letra da música, podemos dizer que também se tornaram pais de família hoje em dia. Eu mesmo curtia muito Xou da Xuxa naquela época e sou pai de família hoje. Mas as crianças dos anos 1980 não curtia Legião Urbana, até porque faz todo sentido, as músicas da Legião nunca foram feitas para os “baixinhos”, ao contrário das músicas da Xuxa e do Balão Mágico.
No entanto, falo da nova geração que surgiu nos meados dos anos 1980, a chamada geração Y, o que na verdade chamamos de Geração Rivotril. Talvez se o Renato Russo ainda estivesse vivo nos dias atuais e ainda mantivesse aquele estilo que marcou uma época, talvez este seria o tema. A Geração Rivotril (também chamada de Geração Y), é a geração que nasceu e cresceu rodeada de facilidades e com muita prosperidade tecnológica, com facilidades que seus pais, especialmente o da Geração Coca-Cola, a Geração X não teve. Era uma época de grandes avanços tecnológicos que facilitaram muito o dia a dia das pessoas. Foi nesta mesma época que surgiu a internet, a TV por assinatura, o telefone celular (telemóvel), dentre outros. A geração Rivotril, como poderemos chamar, é a geração que gosta de estar conectada a novas ideias, sempre vivendo em ação, procurando ter uma visão inovadora, em outras palavras, odeiam as mesmices da rotina. Costumam ser exigentes, ambiciosos, e estão sempre fazendo duas coisas ao mesmo tempo, por exemplo. A Geração Rivotril não engloba quem viveu nos anos 1980 e 1990, e sim depois da virada do milênio, no século XXI, ou seja, inclui também a chamada geração Z.
Por Que Geração Rivotril?
Chamamos de Geração Rivotril, a geração ansiosa e cheia de anseios. Com a evolução tecnológica, as necessidades e as facilidades acabam sendo quase que imediatas, ou seja, as pessoas acabam querendo tudo pra ontem. Rivotril, é o segundo medicamento mais vendido do Brasil e muito procurado nas farmácias. Mas por que ele é tão procurado? Pelo simples fato: Rivotril é indicado para síndrome do pânico, ansiedade, transtorno bipolar e complemento para tratamento de depressão, uma vez que os antidepressivos causam insônia em alguns casos. Mas será que existe tanta gente com esses transtornos assim?
Sim, como eu disse anteriormente, alertando que a depressão é uma questão de saúde publica, a depressão é a segunda maior causa de afastamento de trabalhos em todo o mundo e principal entre os funcionários públicos. Então significa que toda essa gente anda de frescura? Não! A Geração Rivotril está esgotada de tanto ter de correr atrás, de querer tudo pra ontem e com isso acaba cometendo mutos deslizes, se entregando completamente à frustrações e com isso acabam entrando na depressão. A origem da depressão é diversa, chegando a ser um simples desiquilíbrio hormonal, por exemplo, portanto, a principal causa e a mais comum da depressão, é justamente dos distúrbios vindo da mente, ou seja, vindo de sentimentos, emoções e pensamentos negativos, extraídos de experiências negativas que tiveram ao longo de suas vidas.
E quando entram em completo desespero, ao ponto de ficarem tristes, sem nenhum motivo aparente, acabam procurando profissionais como psicólogos e psiquiatras e acabam sendo diagnosticados como portadores de depressão, transtorno bipolar, síndrome do pânico, entre outros. E quando o psiquiatra, ao passar medicamentos, sempre acaba receitando o Clonazepam, principal ativo da marca Rivotril. Mesmo sendo remédio de tarja preta e muito controlado, o Rivotril passa a ser uma psicotrópico muito procurado, mesmo usando meios ilegais, como usando receitas de outros pacientes, por exemplo.
Isso é Preocupante?
Sim, tão preocupante que cheguei a dizer que é uma questão de saúde publica. Tão preocupante que as pessoas que sofrem de transtornos psicológicos-afetivos, como a depressão, entre outros, serem alvos de preconceito e até mesmo de buylling. A luta contra a depressão é enorme e o tratamento costuma ser muito lento, fora que quem toma estes medicamentos, normalmente caros, sofre muito com os efeitos colaterais. As pessoas buscam muito a alegria de poderem ser felizes a qualquer custo, se entregando à alegrias passageiras, que acabam tendo que assumir provações e consequências terríveis.
A sociedade precisa entender e também precisa se modernizar para poder se adaptar a esta geração que já atinge a fase adulta, uma geração extremamente ativa e criativa, que pretende chegar ao topo da montanha. Mas por outro lado, os conceitos da sociedade mudaram muito, pois valoriza-se muito o ter ao invés de ser e tudo está sendo descartável, até mesmo sentimentos e relacionamentos. A nova geração que está ai hoje, se entupindo de medicamentos de tarja preta, é a geração que deseja muito a mudança de paradigmas e de conceitos que a geração X insiste em manter cristalizada e fechada para novas ideias.
Algumas pessoas podem achar que isso é uma modinha, mas não é. É uma epidemia, e como toda epidemia, deve ser levada à sério. O que acontece é que as pessoas estão cada vez mais procurando se informar mais sobre a depressão, síndrome de pânico, entre outras coisas e saindo das amarras do preconceito e da ignorância. A depressão, entre outras doenças psico-afetivas, não surgiram agora, elas sempre existiram desde os primórdios da humanidade, e somente agora que isso está sendo levada a sério.
Ritalina no Páreo
Outro medicamento que está no páreo juntamente com Rivotril, é a chamada Ritalina, pois é muiti indicada para as chamadas crianças com problemas de disciplina na escola, mas vou aprofundar isso em outro post. O medicamento, indicado para Transtorno de Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), caracterizada pela desatenção, impulsividade e hiperatividade, está sendo muito indiscriminado, especialmente por profissionais da área de educação, ao perceberem que os alunos estavam tendo fraco desempenho. Mas uma coisa posso dizer: nem sempre o fraco desempenho ou a indisciplina na escola é resolvido com medicamentos.
E vamos lembrando também que estas citadas crianças, levadas ao consultórios psiquiátricos de atualmente são filhos dos pais inclusos na geração Y e Z, ou seja, a Geração Rivotril que falamos ao longo de todo o texto. Muitas destas crianças são filhos de pais que também tem transtornos psicológicos-afetivos (depressão, síndrome do pânico, entre outros) e tendem a de desdobrar para viver nas responsabilidades impostas pela vida de serem pais e até mesmo pela sociedade, pois a sociedade de hoje é completamente diferente da sociedade de jovens que pulavam freneticamente, lotando shows de Legião Urbana, ou de crianças pulando na frente da televisão cantando as músicas de Balão Mágico. É uma sociedade que politicamente correto, onde cada pessoa que se encontra na rua, tem papel de fiscal, policial e juiz, que torna ainda mais tensa o dia a dia das pessoas. A Geração Ritalina, na qual eu diria que é a geração que surgiu da Geração Rivotril, e esta, da Geração Coca-Cola. Não saberemos o que vem depois e qual é o futuro da sociedade, mas torço para que não sejamos educados com remédios, e sejamos mais humanos e menos máquinas.