Cheguei a dizer uma vez que a depressão é uma das doenças que mais afasta as pessoas de seus postos de trabalho em todo o mundo, a ponto de que deve ser uma questão muito importante para a saúde pública em geral. Tanto que segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 120 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo, e somente em 2013, segundo o INSS, houve registro de mais de 60 mil afastamentos dos profissionais, por conta da depressão. A depressão é uma gravidade que deve ser levada à sério no mercado de trabalho, mas infelizmente, ela é bastante negligenciada, alvo de preconceitos e depreciações, pois achamos que a pessoa estava apenas fazendo drama, querendo chamar atenção para si, entre outras coisa, pois na verdade, a pessoa está de fato, sofrendo depressão. Tudo isso é resultado de ansiedade, estresse, chegando a afetar profundamente a vida pessoal do profissional.
A depressão é questão séria, pois enquanto a pessoa está afastada de seu posto de trabalho, por conta da depressão, vivendo de pensão do governo, ela chega a se sentir uma pessoa extremamente inútil perante a isso. Imagine uma pessoa ao levantar da cama, não sentir ânimo para nada, ou melhor, não sente ânimo nem para levantar da cama para trabalhar. Ela só quer dormir e nunca mais acordar. A pessoa não quer mais saber da vida, do trabalho, da família e mais nada, simplesmente não quer viver mais, pois sente que o trabalho suga todo o seu astral. Imaginemos uma rotina nas grandes cidades, onde a pessoa acorda antes do sol nascer, pega um ônibus, trem ou metrô totalmente lotado, enfrentando trânsito caótico. E ao chegar ao seu posto de trabalho, ter que aturar chefe idiota, ambiente de trabalho turbulento e muito mais, sendo obrigado a suportar isso diariamente, por oito horas diárias ou até mais, tendo que cumprir horas extras, por exemplo. Talvez nem as horas de descanso, incluindo fins de semana e feriados, compensariam o sofrimento que a pessoa passa neste turbulento ambiente empresarial.
Isso sem falar dos constantes assédios morais, que são comuns dentro da empresa, o que acabam minando ainda mais a depressão do profissional, fazendo com que ele se sinta um lixo e incompetente, por mais que ele seja formado em melhores universidades e com um currículo invejável. O assédio moral é um termo que deve ser combatido dentro das empresas, bem como é preciso sim mudar a mentalidade dos chefes e a passarem a agir como líderes, pensar no bem estar dos seus colaboradores e enfim, contribuir para que o mesmos se sintam bem úteis dentro a empresa, pois todos estão dentro da empresa, para contribuir para o crescimento da empresa, não para agradar aos caprichos pessoais de um chefe que não vê os colaboradores nada mais que um mero recurso, sendo facilmente comparado a uma mesa ou uma cadeira. Uma gestão mal estruturada contribui e muito para a desmotivação e a depressão dos mesmos funcionários e colaboradores. Quando uma empresa contribui para o bem estar da equipe como todo, a empresa irá fluir bem e caminhar a passos largos para o sucesso.
Por conta disso, as empresas de grande porte, chegando a atingir as médias e as pequenas também, estão cada vez mais preocupadas com a onda crescente de afastamentos por depressão, pois isto gera muito custos, devido a troca e substituição de funcionários, chegando a atrapalhar o andamento dos processos operacionais das empresas em que a pessoa trabalha, sem contar com os custos previdenciários, para que a mesma pessoa possa receber seus direitos enquanto, estiver afastada por conta da depressão. A depressão é uma coisa muito séria, que afeta drasticamente o corpo e a mente da pessoa, a ponto que a pessoa não quer nada a não ser ficar deitada na cama e nada mais. Portanto, é daí que estas mesmas pessoas afastadas de depressão ouvem preconceitos e depreciações, de que a mesma pessoa está depressiva, porque quis, já que a mesma podia sair para namora, trabalhar e fazer uma coisa de útil, para parar com a “frescura” e “drama” que a pessoa está fazendo, ou que tem tudo na vida. Isso não faz nenhum sentido, pois a pessoa está debilitada demais para fazer coisas simples, como levantar da cama.
Por fim, o maior e grande desafio para o profissional debilitado, é a reinserção do profissional ao seu posto de trabalho. Pode parecer uma tarefa impossível, mas não é. A reinserção deve ser resultado de um bom acompanhamento e tratamento feito para que o profissional supere a patologia da depressão, para que ele retorne ao mercado de trabalho. A tarefa é difícil porque, o próprio ambiente de trabalho é um fator que causa de fato o estresse, a ansiedade, o pânico e principalmente a depressão do paciente. Quando o paciente supera a fase mais aguda da doença, ou seja quando ele finalmente consegue levantar-se da cama e fazer atividade caseiras, como lavar louça, cozinhar, arrumar a casa entre outros, cabe ao psicólogo, preparar o mesmo para o retorno ao ambiente de trabalho, equilibrando as necessidade da empresa, com a do trabalhador. O equilíbrio emocional do funcionário é extremamente importante, para que o mesmo possa se sentir bem no local e cabe também à empresa se adaptar a isso também, a esta nova realidade.
Por fim, a sociedade como todo, especialmente as empresas, que não na verdade um nicho de uma sociedade, um microcosmo inserido de um macrocosmo que é a sociedade humana, precisam estar preparadas para a doença do novo século, que está cada vez mais presente, mudando a mentalidade. A empresa precisa se encontrar como homem moderno, abandonando as concepções e paradigmas de décadas atrás, modernizando, para atender melhor a todos, e conseguir chegar ao sucesso. Discriminar, fazer piadinhas, como tenho dito em outro artigo, em nada vai ajudar a pessoa a superar o problema, pois quando uma pessoa cai, todos perdem, pois isto é o verdadeiro espírito de equipe.