Poligamia e Religião – Parte I

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Poligamia sempre esteve presente ao longo de todo o Antigo Testamento, apesar de que muitos afirmarem que o plano original de Deus, seja o relacionamento entre um homem e uma mulher. Na foto, vemos Jacó, com suas esposas Lia e Raquel.
Poligamia sempre esteve presente ao longo de todo o Antigo Testamento, apesar de que muitos afirmarem que o plano original de Deus, seja o relacionamento entre um homem e uma mulher. Na foto, vemos Jacó, com suas esposas Lia e Raquel.

Em mais um assunto da poligamia, vamos falar dela sob o ponto de vista teológico e religioso, baseando nas crenças e doutrinas das principais religiões do mundo, especialmente as religiões abraãmicas, como Judaísmo, Cristianismo e Islamismo e até mesmo o Espiritismo Kardecista bem como as religiões orientais, como Budismo e Hinduísmo. Vamos observar também a prática da poligamia em algumas regiões isoladas, como na África, e talvez até em outras religiões. Vamos explorar o que cada uma da vertente da fé fala a respeito do relacionamento matrimonial entre mais de dois indivíduos, o que deixo a você leitor, tirar as suas conclusões, podendo até mesmo comentar a respeito disso, no fim do texto, promovendo um debate.

 

Neste texto também vamos observar a importância e o papel da mulher, ao longo da história das religiões. Observando no contexto histórico, na antiguidade, era muito comum haverem disputas territoriais, geralmente sangrentas, onde é apenas os homens saíam para a batalha, ficando apenas as mulheres nos cuidados da casa e do lar. Normalmente, quando uma batalha é encerrada, acaba ficando que estatisticamente, haja uma quantidade muito maior de mulheres do que homens. No entanto era muito comum haver homens com mais de uma esposa e ainda terem as chamadas concubinas, ou seja, no linguajar do filme A Invenção do Brasil, seria como uma esposa que não precisa cozinhar. De alguma forma, a mulher, por muito tempo, sempre foi visa como um bem, uma mercadoria facilmente comparado a um objeto, não como uma pessoa, uma companheira. No extremo oriente, como os mesmos antigos a chamavam, pode encontrar casos de uma mulher estar casada com vários homens.

 

Isso nós veremos mais comum entre as primeiras religiões já partidas do próprio Abraão, o que não seria necessariamente, o judaísmo, pois o termo Judeu surgiu muitos séculos depois. É vamos observar o próprio Abraão ter mais de uma mulher, porém tendo a Sara como sua esposa digníssima, e com ela, teve Isaac como filho, da sua concubina Agar, onde com ela, teve o filho chamado Ismael. Poderia falar também Quetura, onde com ela, Abraão teve seis filhos, mas isso não entra em questão, pois a união com Quetura foi depois da morte da Sara. Mas não deixemos considerar que houve uma espécie de relacionamento aberto ou uma poligamia, porém, ainda não pode ser claramente uma poligamia, pois Agar não tinha atributos de esposa de Abraão, pois isso só devia à Sara. Ela apena usou-se como barriga de aluguel, para garantir a linhagem e o legado de Abraão, pois a Sara era uma mulher estéril e só engravidou, por meio do milagre divino.

 

Mas podemos ver claramente ainda no livro de Gênesis uma poligamia propriamente dito, através do neto de Abraão, o Jacó. Jacó, que inicialmente ia ficar apenas com a Raquel, conforme o trato feito com Labão (pai de Lia e Raquel), de servir por sete anos. Só que ao desposar, ele acabou ficando com a Lia, o que fez o mesmo ficar mais sete anos servindo a Labão, para finalmente ficar com a Raquel. Mas o Jacó não largou a Lia pra ficar com a Raquel, ele simplesmente ficou com as duas. Com a Lia, Jacó teve doze filhos e cada um dos nomes deles, receberam os nomes das respectivas doze tribos de Israel, e com a Raquel, ele teve apenas dois filhos: José e Benjamim. Um deles chegou até a exercer um cargo de altíssimo escalão do Egito, em que somente o faraó estava acima dele.

 

Analisando estes fatos, com estes dois citados exemplos, foi constatado de que ali havia um comportamento e os costumes que favoreciam a poligamia, mesmo que as religiões que condenam, como o Cristianismo, tentem contestar o tal fato. Pode se ver que a mesma poligamia é bíblica. Vamos ver mais a frente, na história de Davi e Salomão, estes, que cada um deles tiveram dezenas e até centenas de esposas e concubinas, sem contar as escravas. Já era claro que a poligamia era bastante comum nos tempos bíblicos  especialmente no Antigo Testamento. Há justificativa de no Antigo Testamento, as mulheres não tinham independência no meio da sociedade e não tinham educação adequada, para ter uma voz firme, perante a todos, o que mais uma vez, vemos que o papel da mulher é bastante restrito. Tanto que um homem poderia estuprar uma moça virgem, e depois reparar os erros, pagando cinquenta siclos de prata e torná-la esposa, sem direito a repudiar (divórcio), como visto em Deuteronômio 22, 28-29. Porém, não especifica que um homem é solteiro ou casado, permitindo que este mesmo homem tenha mais de uma esposa, neste caso.

Com o passar do tempo, no Novo Testamento, passou a se valorizar mais a monogamia, sobre a poligamia, como justificativa do que foi dito ainda em Gênesis, onde Deus afirma que um homem e uma mulher devem deixar seu pai e sua mãe, para se unir á sua mulher, não mulheres, como visto em Gênesis 2, 21-24, onde ele cria um casal entre um homem e uma mulher, não um homem e duas mulheres, pois segundo o Novo Testamento, conforme defendido pelos cristãos, seria uma forma de restaurar o plano original de Deus sobre o casamento, mas não seria isso uma contradição? Eu, particularmente, diria que é evolução, pois havia muita necessidade do homem sobre a quantidade, em relação a tudo. Hoje se valoriza mais a qualidade. Há mulheres, que para um homem, vale mais que todas as mulheres de Salomão e Davi, contadas juntas. Mas vamos lembrar que as relações poligâmicas apresentadas sempre foram marcadas com uma série de conflitos muito piores que uma simples relação monogâmica.

Neste texto, vemos que a poligamia sempre esteve presente no Antigo Testamento, dando margem a várias interpretações, como as que apresentei aqui. Mas o que estou discutindo é que não estou tentando impor a doutrina, nem mesmo fazendo uma pregação, apenas estou dando um leque de opções de que o quanto é legal espiritualmente, manter uma relação poligâmica, ou seja, um homem com duas ou mais mulheres, como também uma mulher com vários homens. A poligamia sempre fez parte da nossa sociedade, por mais que ela seja condenável.
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Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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